Zircônia

Zircônia

O interesse na utilização da zircônia como biomaterial odontológico partiu de sua boa estabilidade química e dimensional, resistência mecânica, dureza e um módulo de Young da mesma magnitude do aço inoxidável. A zircônia apresenta três formas cristalográficas: monoclínica, tetragonal e cúbica dependendo da adição de componentes como cálcio (CaO), magné- sio (MgO), ítria (Y2 O3 ) ou céria (CeO2 ). Estes componentes estabilizam a fase tetragonal metaestável a temperatura ambiente. A concentração do agente estabilizador ou dopante tem um papel determinante no desempenho do material sob fadiga. Quando adicionada uma grande quantidade (8-12%) de dopante, uma fase cúbica totalmente estabilizada pode ser produzida, o que inviabiliza a transformação de fase tetragonal-monoclínica, resultando num pior desempenho. No entanto, ao adicionar quantidades menores (3-5% em peso), é produzida zircônia tetragonal parcialmente estabilizada. A zircônia tetragonal é estável em temperatura ambiente, porém, sob tensão, esta fase pode sofrer alteração para a fase monoclínica, com um aumento subsequente de cerca de 4,5% em volume. Este mecanismo, conhecido como “tenacificação por transformação”, é o principal responsável pelas superiores propriedades mecânicas da zircônia.

A zircônia é um material comprovadamente indicado para uso restaurador sob os aspectos biológicos, funcionais e estéticos. Cabe ao cirurgião-dentista estar informado quanto às suas propriedades, sistemas disponíveis e suas rotas de processamento, assim como dos estudos laboratoriais e clínicos para indicar sua utilização de forma correta, extraindo o máximo proveito de suas características.